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domingo, 11 de julho de 2010

Sábio Conto


Lembro de um dia ter visto um senhor olhando para o céu com um sorriso no rosto
Suas roupas meio surradas demonstravam o tempo em que ele já estava na rua
Perguntei se ele estava bem, respondeu que sim e pediu que eu senta-se ao seu lado
E com uma enorme gentileza me abraçou, pois sabia que tinha em mim agora um amigo

E como amigo me contou sua história
Um dia caminhando pelo centro da cidade perdeu a sua carteira, com sua memória já prejudicada pela idade não se lembrava de onde era e por isso ficou feliz
Dizia-se sábio pela vida, de que o fato de estar ali sentado tinha um motivo

Não se lembrava de onde vinha e assim poderia decidir por si próprio para onde ir
Não sabia se havia alguém lhe esperando e assim era feliz por também não saber se era solitário
Não se recordava se tinha um dia amado e com isso não se exaltava por não lembrar ter sofrido por amor

Dizia-se sábio e que a memória era algo que nos impedia de realmente viver
Se uma lembrança se apagou era motivo suficiente para afirmar que ela não era tão importante
Não se lembrava se um dia foi rico, mas também não sabia se um dia passou pela miséria da fome e por isso era feliz

Dava risadas ao dizer que poderia ter mais de dez filhos espalhados por ai e isso lhe fazia feliz, pois ao pensar assim qualquer chance de ser estéril era descartada
Lembrava-se apenas de estar ali sentado há um bom tempo
Sentia frio, levava chuva e o sol por vezes o machucava de tão forte
E com isso ele tinha a certeza que ainda estava vivo e que a chuva por mais forte que fosse jamais iria disfarçar uma lagrima sua, pois não tinha motivo algum para chorar

Falava com certeza de que foi um dia bem sucedido
Pois com toda a inteligência e conhecimento sobre o mundo que tinha
Não era possível que fosse um Zé ninguém
E quem sabe tenha sido em seu esquecimento que finalmente tenha encontrado a paz que buscava

Valorizava por demais os amigos que a vida lhe deu
Pois sem nada ter, sabia que qualquer ato seria sincero e verdadeiro
Afinal é feliz aquele que faz sem nada esperar em troca
E assim eu era; um de seus melhores amigos por estar ali, as minhas risadas e atenção era o meu presente para ele e que por isso ele era feliz

Me abraçou forte e se levantou dizendo que talvez não nos veríamos nunca mais
E que se caso me esquece-se não ficaria triste, pois também não se lembraria de que um dia eu fui embora sem nunca ter voltado
Me pediu que eu segui-se minha vida sem me prender a lembranças boas e momentos ruins, pois um dia eles seriam esquecidos
De que eu vive-se ao Maximo o agora e fosse feliz

Não me lembro ao bem de como terminou a conversa
Mas acho que devo me alegrar por isso
Pois não me recordo de ter me despedido daquele senhor
Deste modo suas palavras estarão sempre comigo
Em uma eterna conversa a ser um dia continuada
E assim jamais esquecida por não ter tido um fim...

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